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MLP: Mininum Lovable Product

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Bernardo Moraes

6 de Julho de 2022 às 16:33

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O mercado de produtos e serviços digitais – não estou falando de cursos da Hotmart e similares, e sim de softwares, de modo geral – cresce ano após ano a nível mundial. O Brasil detém 40% do investimento em tecnologia da América Latina, com um investimento, em 2021, de U$45,7 bi somente em tecnologia da informação (TI). Temos milhares de startups de produtos digitais sendo criadas por ano, além de todas as ferramentas disponibilizadas por empresas já enraizadas no mercado offline, que sofrem pressão por uma rápida digitalização e não entram nessa conta.

Origens

A disparidade de uma gigante de tecnologia para um corajoso empreendedor é enorme: equipe, investimento, marketing, base de clientes etc. Porém, além desse conhecido ponto de partida mais elevado, as grandes empresas possuem estratégias que são difundidas aos agentes do mercado de tecnologia, mas confinadas somente a eles a nós. Uma delas é a necessidade do produto mínimo viável (MVP) e suas variações.

Para falar o que é MLP, e por quê ele é uma revolução na concepção do seu produto, primeiro precisamos entender o conceito do seu antecessor, o MVP. Se você cursou Administração ou cadeiras relacionadas a ela em sua faculdade, é capaz de ter lido o livro Startup Enxuta (Lean Startup), e conhecer esse conceito muito bem. Se não, a Wikipedia resume:

“Em empreendedorismo, principalmente no contexto de startups, um produto viável mínimo (MVP, de Minimum Viable Product) é a versão mais simples de um produto que pode ser lançada com uma quantidade mínima de esforço e desenvolvimento."

Um MVP ajuda os empreendedores a iniciarem o processo de aprender da forma mais rápida possível, pois poupa tempo e esforços. Porém, um produto mínimo viável não é necessariamente o menor produto imaginável.

Ao contrário do desenvolvimento tradicional de produtos, que geralmente envolve um longo e reflexivo período de incubação e busca a perfeição do produto, o objetivo do MVP é começar o processo de aprendizagem, e não finalizá-lo. Ao contrário de um teste de protótipo ou conceito, um MVP é concebido não apenas para responder questões sobre o design do produto e questões técnicas; seu objetivo é testar hipóteses fundamentais do negócio.”

Outros tempos, outra solução

Entretanto, os usuários de 2022 são muito mais difíceis de agradar do que os de outrora. Anteriormente, serviços digitais inovadores possuíam amplo engajamento e curiosidade do mercado consumidor de forma geral e, por isso, podiam errar e aprender. Agora, preços atrativos não são mais suficientes, nem inovação, tampouco a simples prestação do serviço proposto. Os usuários se cadastram, para começo de conversa, apenas em ferramentas pelas quais se apaixonam: aquelas que são rápidas, lindas e inovadoras. Isso cria um problema com o conceito explicado acima, pela Wikipedia: se os usuários não têm qualquer interesse em testar o seu produto, de quem viria o desejado feedback? Como ter uma amostra de tamanho suficiente para avaliar como o mercado recebe a sua ideia?


Evidentemente, a não ser que o seu público-alvo seja entusiasta do segmento de tecnologia, ele será mais impactado pelas atribuições mencionadas, do que propriamente com a sua ideia e impacto potencial. Por isso, a interpretação que muitos empreendedores e desenvolvedores tiveram do que é um MVP - de que é de algo parecido com a imagem abaixo - não funciona, de fato, para testá-lo. Isso faz com que a economia de tempo e dinheiro possibilitada pelo MVP acabe sacrificando ideias promissoras. 


Essa imagem é um exagero.


Outra possibilidade é o líder do projeto optar por não acreditar nos resultados do MVP, uma vez constatado que o produto que ele sonhou não era bem isso, e tentar entregar ao mercado uma segunda versão do seu produto sem a devida validação e discovery.

Acredito que esteja chegando à seguinte conclusão: MVP’s, da forma que vêm sendo feitos, não são boa ideia. E é bem por aí: um produto digital pobre, feito às pressas, só vai confundir e afastar os poucos usuários que se aventurarem a testá-lo. Apesar disso, o problema que o MVP se propõe a resolver é real e precisa de solução: quase todos os empreendedores ingressantes no mercado de tecnologia acreditam saber tudo sobre o produto que, por enquanto, só existe em seus pensamentos.

Mas quando desenvolvemos esses produtos, o fazemos para os usuários, e não para nós mesmos. Imediatamente após o lançamento de um software feito às pressas, sem testes e entrevistas, os empreendedores se deparam com a necessidade de ajustes urgentes decorrentes dos feedbacks dos usuários, assim como resultados comumente abaixo do esperado. Isso ocorre porque muitas das funcionalidades idealizadas por um pequeno grupo de pessoas não representam a solução da qual tantas outras precisam. A melhor forma de melhorar um produto é, sem dúvida, estudar o mapa de calor e o fluxo de acessos, e fazer ampla pesquisa com os usuários incipientes.

Nesse cenário em que os consumidores não aceitam mais cadastrar seus dados e cartões de crédito em ferramentas feitas às pressas e os empreendedores entendem a necessidade de testar suas ideias antes de investir nelas seu tempo e dinheiro, surge o conceito de MLP: Minimum Lovable Product: faremos agora o mínimo necessário para apaixonar os usuários. A estratégia é parecida, mas muda completamente os resultados. Ao invés de tentarmos responder somente à pergunta “como resolver este problema do meu mercado?”, iremos tentar também responder à questão “como encantar o meu cliente ao longo desse percurso?”.

Passamos então a nos preocupar com os mínimos detalhes da experiência, assim como da interface. Essa dobradinha, de responsabilidade especialmente dos designers, é chamada de UX/UI (User eXperience e User Interface, respectivamente). A primeira versão do nosso produto digital deve ser, apesar de simples, tão boa quanto possível: ter tempo curto de carregamento, interface moderna, navegação clara, boa experiência em qualquer aparelho e, o mais importante: eficiência ao resolver o problema que se propõe. 



Uma forma simples de ilustrarmos essa diferença entre os dois “produtos mínimos” possíveis, é sair do mundo digital e comparar o cafezinho pingado da padaria e o da nova cafeteria do seu bairro. Não podemos dizer que um dos dois é mais correto e, provavelmente, “melhor” não é a palavra certa para distingui-los. Ambos irão cumprir o devido papel de dar uma energia extra para o seu dia, mas o primeiro dificilmente passará a impressão de ser algo além do costumeiro, do trivial. Sem esse impacto, dificilmente você terá um momento memorável: tal cafezinho jamais vai “grudar” em sua cabeça e, quando você precisar tomar um café, ele será só mais uma opção. A nova cafeteria do bairro quer te encantar, e vai fazer isso demonstrando atenção até aos pequenos detalhes. Você paga um pouco mais, mas fica mais feliz e retorna sempre que quiser repetir aquela experiência diferenciada.

MLP na prática

Voltando para o mundo digital, um exemplo de MLP foi desenvolvido por nós, da Nova Data, para a Ezaligner. Trata-se de uma fábrica de alinhadores invisíveis e outros produtos odontológicos sediada no Rio de Janeiro, mas com distribuição para todo o Brasil.


Fomos encarregados de desenvolver uma ferramenta que simplificasse a solicitação e acompanhamento dos pedidos dos dentistas à empresa. Entretanto, não se trata de um e-commerce da forma com a qual estamos acostumados: os produtos ofertados são feitos sob medida, a partir de um modelo virtual de cada paciente e da customização personalizada de acordo com as preferências de uma rede de profissionais requisitantes.

Precisamos, então, criar um software para a realização desses pedidos super customizados, e transmitir a confiança e excelência que o mercado de saúde exige e que nosso cliente em questão se empenha para entregar no planejamento virtual e no offline.

O gif abaixo mostra um pouco da experiência de um dentista que visita a plataforma. Obtivemos a confirmação da eficiência do nosso MLP com o crescimento do número de pedidos, através das estatísticas de acessos, mas, principalmente, pelas diversas filmagens retratando o funcionamento do software, feitas e publicadas pelos próprios dentistas em suas redes sociais. Elas retratam e relatam o carinho e satisfação desses profissionais com a experiência proporcionada pela empresa.


Resumo e conclusão:

A muito grosso modo, o MLP acaba sendo um MVP feito com cuidado. Focamos em trazer pouquíssimas funcionalidades nessa versão inicial. A estas, dedicamos atenção até aos mínimos detalhes. Investindo menos esforços nas funcionalidades desnecessárias de um MVP – ou do que o mercado interpretou como partes de um MVP –, ficaremos mais disponíveis para desenvolver com maestria as atividades básicas do nosso novo produto. Com essa entrega em mãos, teremos diversos recursos para aprender mais sobre nosso próprio produto, e com isso, concentraremos nossa energia com precisão naquilo que, de fato, está sendo demandado.

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Os dados utilizados são da ABES. Você pode consultá-los e se aprofundar por aqui: https://abessoftware.com.br/dados-do-setor/. 


Se quiser, me procure em qualquer canal para conversarmos a respeito.

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